O que é regionalizar?
A palavra regionalizar significa dividir ou classificar em regiões. Mas essa divisão não pode ser feita de qualquer jeito, pois são seguidos alguns critérios específicos que podem ser as semelhanças dos espaços ou algumas características que determinados lugares possuem em comum.
Cada região se diferencia das outras por ter algumas características próprias e não é apenas a localização geográfica que pode influenciar na forma de organização do espaço. Há vários tipos de critérios que podem ser levados em consideração para que seja feita a regionalização, entre eles temos os critérios: econômicos, políticos, sociais, culturais, históricos e muitos outros.
Regiões do Brasil
Como você pode observar pelo mapa abaixo, os limites de cada região coincidem com os dos estados que as compõem. Das regiões estabelecidas pelo IBGE, a maior delas é a Norte.
Essa forma de divisão do território é importante para realizar levantamentos de dados oficiais divulgados pelo governo e para favorecer a divulgação de censos estatísticos que possibilitem o planejamento de ações governamentais que atendam às necessidades de cada região administrativa.
No entanto, deve-se esclarecer que as estatísticas, baseadas em dados numéricos, muitas vezes não revelam as complexas realidades socioeconômicas vivenciadas no país.
Esses limites são insuficientes para explicar a organização socioeconômica do Brasil hoje. Podemos citar alguns exemplos: o Sertão, que caracteriza grande parte do Nordeste, vai além dos limites oficiais dessa região, avançando pelo norte de Minas Gerais (região Sudeste). A Amazônia ultrapassa os limites da região Norte, estendendo-se para o norte do Mato Grosso e para a porção oeste do Maranhão.
Regiões do Brasil
Cada uma das cinco regiões do Brasil apresenta características particulares, que ajudam a identificá-las.
Região Norte
Formada pelos estados do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá e Tocantins
A região Norte encontra-se localizada, em quase sua totalidade, na área da bacia amazônica, sendo amplamente coberta pela exuberante floresta tropical. O rio Amazonas corta a região ao meio, no sentido oeste-leste, e desemboca no oceano Atlântico. Existem também vários outros rios nessa região. As duas principais cidades são Manaus, capital do estado do Amazonas, e Belém, capital do estado do Pará.
Entre as décadas de 60 e 70 verificou-se renovado interesse pela riqueza mineral e pelo potencial agrícola da Amazônia.
Os esforços do governo para incentivar o desenvolvimento agrícola na Amazônia resultou em ameaças crescentes de problemas ambientais para a região. Durante as décadas de 70 e 80, os projetos de desenvolvimento e os movimentos migratórios levaram ao desmatamento de 328.700 km2 da região. Em decorrência desse fato, o governo brasileiro adotou uma série de políticas para controlar o desenvolvimento. Foram suspensos os incentivos fiscais e os créditos oficiais para os projetos agrícolas e o desenvolvimento da pecuária na região.
A proteção da Amazônia é atualmente monitorada via satélite e os esforços internos nesse sentido foram reforçados pelo apoio da comunidade internacional, através do Programa Piloto para a Proteção da Floresta Tropical Brasileira, patrocinado pela Comunidade Europeia, os Estados Unidos e vários outros países.
Região Nordeste
Formada pelos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe.
Grande parte dessa região, que abriga quase 30% da população brasileira, está sujeita a secas crônicas. A região Nordeste, no entanto, tem possibilidades econômicas consideráveis, que incluem grandes jazidas de petróleo, a exportação de produtos tropicais e a promoção do turismo.
Pernambuco e Bahia foram os primeiros centros mais importantes do Brasil colonial e ainda hoje exercem forte influência sobre a cultura brasileira. Muitos dos produtos tipicamente brasileiros no campo da música, do folclore e da culinária, além de grande parte dos costumes e práticas sociais brasileiras, tiveram origem nessa região. As duas maiores cidades do Nordeste são Recife e Salvador.
Região Sudeste
Formada pelos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo
O centro econômico do Brasil é formado pelas cidades altamente industrializadas localizadas nas redondezas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A maior parte da população do país está concentrada na região Sudeste. A área é rica em minérios e sua agricultura, a mais avançada do país, produz café e cereais para exportação, além de uma variedade de alimentos frescos e industrializados, leite e carne para o consumo interno.
Região Sul
Formada pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
A região Sul também apresenta alto nível de desenvolvimento, mantendo bom equilíbrio entre os setores rural e industrial.
Em direção ao sul o planalto se transforma em extensas planícies denominadas pampas, onde as tradicionais atividades de pastoreio deram origem ao gaúcho, o equivalente brasileiro ao vaqueiro dessa região.
A oeste, na fronteira do Brasil com a Argentina, encontram-se as Cataratas do Iguaçu, uma das mais belas maravilhas da natureza no mundo. A maior cidade da região é Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, o estado que se encontra na fronteira meridional do Brasil.
Região Centro-Oeste
Esta região, coberta por extensas savanas tropicais e planaltos, é ainda pouco povoada. Apesar de haver sido no passado uma das regiões mais isoladas do país, vem experimentando rápido crescimento de sua produção agropecuária e industrial.
Na região Centro-Oeste está localizada a cidade de Brasília, capital do país, fundada em 1960. Extensas áreas da região Centro-Oeste foram transformadas pelo governo federal em reservas para uso exclusivo dos índios nativos daquela região. Também se encontra localizado na região Centro-Oeste o Pantanal Mato-Grossense, preciosa reserva ecológica da flora e da fauna brasileira.
Os Complexos Regionais
Existe outra forma de regionalizar o Brasil, de uma maneira que capta melhor a situação sócieconômica e as relações entre sociedade e o espaço natural. Trata-se da divisão geoeconômica do país em três grandes complexos regionais: o Centro-Sul, o Nordeste e a Amazônia.
Ao contrário da divisão regional oficial, esta regionalização não foi feita pelo IBGE. Ela surgiu com o geógrafo brasileiro Pedro Pinchas Geiger no final da década de 60, nela o autor levou em consideração o processo histórico de formação do território brasileiro em especial a industrialização, associado aos aspectos naturais.
A divisão em complexos regionais não respeita o limite entre os estados. O Norte de Minas Gerais encontra-se no Nordeste, enquanto o restante do território mineiro encontra-se no Centro-Sul. O leste do Maranhão encontra-se no Nordeste, enquanto o oeste encontra-se na Amazônia. O sul de Tocantins e do Mato Grosso encontra-se no Centro-Sul, mas a maior parte desses estados pertencem ao complexo da Amazônia. Como as estatísticas econômicas e populacionais são produzidas por estados, essa forma de regionalizar não é útil sob certos aspectos, mas é muito útil para a geografia.
O Nordeste foi o polo econômico mais rico da América portuguesa, com base na monocultura da cana de açúcar, usando trabalho escravo. Tornou-se, no século XX, uma região economicamente problemática, com forte excedente populacional. As migrações de nordestinos para outras regiões atestam essa situação de pobreza.
O Centro-Sul é na atualidade o núcleo econômico do país. Ele concentra a economia moderna, tanto no setor industrial como no setor agrícola, além da melhor estrutura de serviços. Nele se também a capital política do país.
A Amazônia brasileira é o espaço de povoamento mais recente, ainda em estágio inicial de ocupação humana. A área está coberta por uma densa floresta, com clima equatorial, que dificulta o povoamento. Os movimentos migratórios na direção desse complexo regional partem tanto do Centro-Sul como do Nordeste, sendo que hoje a região mais recebe população.
Essa é uma visão superficial da organização do espaço geográfico brasileiro. Ela resume as principais características naturais e humanas de cada uma dessas regiões. Por serem vastas áreas, verdadeiros complexos regionais, o Nordeste, o Centro-Sul e a Amazônia registram profundas desigualdades naturais, sociais e econômicas. As regiões apresentam diferenças entre si e variedade interna de paisagens geográficas.
Em meio à pobreza tradicional, o Nordeste abriga imensos recursos econômicos e humanos, que apontam caminhos para a superação de uma crise que já se prolongou demais. As transformações introduzidas nas zonas irrigadas do Vale do São Francisco e a criação de zonas industriais na área litorânea comprovam essa possibilidade.
A geração de riquezas no Centro-Sul tornou essa região a mais rica do país, estabelecendo um polo de atração populacional que, no século XX, originou as maiores metrópoles nacionais. O ritmo acelerado desse crescimento criou disparidades sociais gravíssimas, como desemprego, favelamento, e problemas ambientais de difícil solução.
Áreas significativas da Amazônia já foram ocupadas, especialmente aquelas situadas na parte oriental da região ou nas margens dos rios. Hoje esse povoamento se acelerou muito, a tal ponto que os conflitos pela posse da terra se tornaram tristemente comuns. Formaram-se também grandes cidades, caracterizadas pelo crescimento explosivo e por profundos desequilíbrios sociais e econômicos.
https://www.coladaweb.com/geografia-do-brasil/os-complexos-regionais, acesso em 01/04/2020